31 de agosto de 2009

Bruno (2009)


Todos os anos têm – em minha opinião – um gênero que irá dominar os outros no decorrer do ano. Algum tempo atrás filmes de ficção eram geralmente os “tops”. Passou para o suspense com Sexto Sentido e Os Outros. E nos últimos anos tivemos surpresas gratas e irrepreensíveis por parte das comédias e do terror. Rec, Arraste-me para o inferno, e o Anticristo não eram filmes que entravam nos cinemas com grandes expectativas. Ao contrario eram as piores possíveis.

Pergunte para alguém que viveu os anos 70 e 80 em toda sua complexidade cinematográfica - em que como falado - filmes de ficção dominavam as telas inovando; o que filmes como Sexta Feira 13 e O Exorcista significavam. Geralmente um bom passatempo para levar a sua namorada para o cinema e se aproveitar dos sustos da garota. Não havia a necessidade de prestar atenção em sua história.
Isto mudou com o passar dos anos e a comédia também tomou o mesmo rumo que o gênero do suspense/terror: o sucesso.

Judd Apatow reacendeu a chama da comédia e além de criar histórias incrivelmente engraçadas (Superbad, Ligeiramente Grávidos), inspirou outros cineastas a fazerem filmes com temáticas semelhantes.

Mas um comediante surge durante este caminho nos proporcionado uma verdadeira inovação no gênero. Sacha Baron Cohen é seu nome. Ou talvez Ali G. Ou Borat. Ou Bruno.

Infelizmente – para o espectador – Borat torna-se difícil de ser utilizado mais uma vez; pois devido ao gigantesco sucesso de seu filme o pseudônimo acaba sendo reconhecido por onde passar, e não traz o clima de imprevisibilidade que o filme teria que ter. Aliás, este é o principal problema deste novo filme. A previsibilidade.

Enquanto a linha condutora de Borat era sua busca por Pamela Anderson, aqui o motivo de Bruno é a fama. E Bruno fará de tudo para consegui-la. Infelizmente o projeto fica roteirizado demais e perde o “fator x” que Borat tinha.

Se você prestar atenção no decorrer do filme tudo é muito ensaiado, tanto que os principais momentos do documentário falso são os momentos em que Cohen deixa a “peteca” para o entrevistado. Ron Paul é um exemplo claro disto.

Bruno ainda nos leva para cenas extremamente bem elaboradas ao longo da projeção como o programa de entrevistas em que Cohen mostra todo seu brilhantismo. Veja por exemplo como o ator não perde o rebolado diante de cenas inusitadas e engraçadíssimas. Ele mantém a linha e fica extremamente concentrado, como se acreditasse realmente no que fala. A cena das fotos e do Ipod toca neste ponto.
Cohen, aliás, é um gênio neste quesito. A sua composição de personagem, desde seu vocabulário até as roupas surpreendem.

Mas enquanto Borat nos traz espontaneidade e uma edição fabulosa , Bruno mostra previsibilidade e uma edição mal acabada. As cenas em que Bruno vai caçar ou tenta entrar num acampamento nos mostra isto. Mas o mais absurdo é a cena do ensaio fotográfico. Pois só quando vemos as fotos na entrevista que entendemos a cena. Bruno vai entrevistando pais de bebes para um ensaio e não vemos um desenrolar mais preciso na cena – foi exatamente nesta cena em que um casal abandonou a sala de cinema.

Ainda assim momentos incríveis estão presentes na trama e devo dizer que a cena de luta com a trilha sonora de Celine Dion choca não só o publico presente como o espectador. E nisto Bruno cumpriu sua missão. Chocar.

Mas no fim, a principal missão que Bruno tinha na trama que era fama. Não se concretiza. No filme sim, claro. Mas não fora das telas. Pois não vai haver no mundo um personagem de Cohen com a fama de Borat. E se espectadores saíram de suas casas para ver Bruno, era por saber quem estava atuando. “Sei. O novo filme do Borat, né?”, são perguntas feitas antes da sessão e o meu ver Bruno não conseguiu isto, atingir um publico fiel. Mas ainda assim não é uma comedia intragável, longe disto, é um dos bons exemplares que fomos presenteados este ano. Só que Bruna não instiga como Borat e se perde em alguns momentos. Seu final é a prova disto. Um final que relembra muito filmes como: “Guru do Amor” ou “Motoqueiros Selvagens”, e este é o pior comentário que poderia deixar nesta critica.


(3 estrelas em 5)