4 de novembro de 2010

Look up in the Sky (2006)

É interessante o fato de muitos não assistirem documentários ou assistir só quando é de vital interesse. Porém, é bastante justificável. Muitos documentários são considerados odiosos por manterem uma montagem extremamente tediosa e desgastante.

 É difícil nos concentrarmos durante 2 horas em uma marcha de pingüins sem haver algum tipo de tédio. Por outro lado, os documentários estão cada vez mais fascinantes. Tanto do ponto de vista político, quanto do ponto de vista técnico.

Werner Herzog nos presenteou há pouquíssimo tempo com o extraordinário documentário “Homem Urso” e Michael Moore nos presenteia quase que em todas as suas obras com um ponto de vista fascinante, desde o espetacular “Tiros em Columbine” até o excelente Capitalismo – Uma história de amor.

Porém, somente há pouco tempo fui me deparar com uma obra-prima documental produzida em 2006. Look up in the Sky é um retrato fiel de um dos maiores heróis de todos os tempos e sua significância histórica.
Escrito por James Grant Goldin e Steven Smith, o documentário narra duas horas da história do “Homem de Aço”, abordando todas as suas aparições na mídia, indo dos quadrinhos aos desenhos animados, passando pelos seriados cinematográficos e de TV, e seus filmes em longa metragem. O filme mostra um pouco dos criadores do herói, Jerry Siegel e Joe Shuster, e tenta explicar porque o Super-Homem continua sendo tão popular.

Contando com uma montagem no mínimo espetacular, a narrativa começa nos apresentado logo em sua cena inicial com uma trilha impecável aliada a voz estimulante de Kevin Spacey o que veremos em todo o documentário. Desde os primórdios da criação do homem de aço até o desenvolvimento de seus filmes e seriados inspirados no mito.

É impressionante o ritmo que os montadores conseguem manter durante todo o projeto, sem nunca deixar o ritmo desgastado. Não é à toa que foram necessários cinco montadores para colocar o documentário no ar. Kevin Benson, Troy Bogert, David Comtois, John W. Richardson e Molly Shock conseguem entrelaçar as vertentes dos quadrinhos com as séries televisivas e os próprios longas-metragens de forma excepcional. Sempre interligando épocas e décadas, os montadores não caem no convencional e oferecem um fluxo narrativo invejável.

Ao mesmo tempo em que Kevin Burns conduz com maestria a direção de todo o projeto. Escolhendo cenas e episódios importantes e marcantes do personagem, traz à tona dados e informações que muitos fãs do herói podem nunca ter ouvido falar. Um grande exemplo é o musical do Superman que nunca chegou a ir ao ar ou até mesmo o piloto de uma série em formato animal do super-herói que chega a soar trágico. O diretor ainda acerta nas escolhas das entrevistas. Trazendo-nos atores importantíssimos que ajudaram o Superman a se formar um grande herói.

Trazendo uma voz incrivelmente limpa e sábia, Kevin Spacey conduz a trajetória do homem de aço como se fosse um professor lecionando. Sempre contando os fatos com a tensão e eloqüência que a história merece ser contada, Spacey acerta em soar a voz com muito pesar em cenas mais emocionantes, como a morte de George Reeves ou mais recentemente o falecimento de Christopher Reeve.

Por fim, um dos principais fatores e acertos desse magnífico projeto é todos os envolvidos terem sentimentos ou alguma história interessante para acrescentar a mitologia. Aliando-se com cenas devastadoras emocionalmente como a já citada morte repentina de Reeves. Emociona-me muito uma das entrevistas em que se diz o seguinte: “Como explicar para as crianças da época que o invencível Superman havia morrido?”. Bom, na verdade ele realmente não morreu, pois se queremos achá-lo basta olhar para os céus (Look in the Sky).


(5 estrelas em 5)

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