4 de novembro de 2010

Rede Social (2010)



Qualquer cinéfilo que dá uma rápida verificada na filmografia de David Fincher pode ficar assustado com a qualidade de seus longas. Fincher dirigiu obras primas e todos os seus trabalhos tem algum ponto interessante ou é inovador em sua estrutura. São obras como: Alien 3, Se7en, Vidas em Jogo, Clube da Luta, O Quarto do Pânico, Zodíaco, O Curioso Caso de Benjamin Button e agora Rede Social, que fazem de Fincher um dos maiores gênios da história do cinema. Em Rede Social, o diretor acerta mais uma vez e cria um paralelo entre poder e solidão.



Escrito pelo genial Aaron Sorkin (The West Wing e Jogos de Poder), baseado em livro de Ben Mezrich, o filme conta a história de Mark Zuckerberg (Jesse Eisenberg), analista de sistemas graduado em Harvard que se senta em seu computador numa noite de outono em 2003 e começa a trabalhar em uma nova idéia. Apenas seis anos e 500 milhões de amigos mais tarde, Zuckerberg se torna o mais jovem bilionário da história com o sucesso da rede social Facebook. O sucesso, no entanto, o leva a complicações em sua vida social e profissional.

O primeiro grande aspecto do projeto é o roteiro de Sorkin. Conhecido por diálogos pertinentemente políticos e absurdamente interessantes, o roteirista consegue aliar três histórias paralelas e mostrar diálogos e facetas diferentes para cada uma das ocasiões. Trabalhando lado a lado na construção das cenas com Fincher, Sorkin faz um trabalho de gênio e possivelmente será premiado por seu trabalho.

A condução que Fincher dá para a trama é de tirar lágrimas de qualquer espectador. O diretor faz parecer muito fácil o trabalho de direção passeando a câmera por entre os locais da trama, aliado com a soberba montagem de Kirk Baxter e Angus Wall.

A montagem, aliás, com toda a certeza ganhará o Oscar do ano que vem. Os cortes precisos de uma cena para outra são perfeitos. Veja, por exemplo, quando Mark ou Eduardo começam a contar alguma história do passado. Assim que a fala deles tem início, somos transportados para o tempo em questão, quase que em um “racord” de palavras.

A direção de Fincher ainda acerta em demonstrar pequenos aspectos dos personagens. Logo quando o personagem de Timberlake nos é apresentado, a câmera dá toda a atenção para o personagem, mostrando sua importância. Note também, como a câmera focaliza a admiração que Mark cria instantaneamente por Sean. Aliás, os aspectos que definem o personagem de Eisenberg são fascinantes. Desde sua reclusão, como mostrada em cenas no processo de Eduardo, até cenas em que mostra a total falta de interesse por Mark com o que está acontecendo. Note por exemplo, o belo trabalho de câmera de Fincher mostrando esse aspecto em uma cena na reunião de Zuckerberg com o conselho da escola e o personagem utilizando um moletom e chinelos.

Outro fator absolutamente fascinante é o fato das vestimentas do personagem de Mark mudar conforme a situação. Desde cenas em que o personagem se veste apenas de moletom retratando sua falta de interesse nos processos dos atletas e na reunião do conselho. Ao passo que no processo de Eduardo, o personagem se veste mais adequadamente (colocando inclusive um terno), mostrando o quanto o personagem de Eduardo é importante para ele, sendo seu único amigo.

Criando o Mark Zuckerberg com uma carga dramática impressionante, Jesse Eisenberg dá um show de interpretação e é um provável indicado ao Oscar do próximo ano. O Mark de Eisenberg se mostra uma pessoa deslocada, inteligente e solitária, e cria um elo irretocável com o público. Eisenberg compõe o personagem com uma solidão devastadora. Cenas como a da sala de um dos processos, em que Mark fica apenas com seu notebook e sem vontade de se levantar e socializar em alguma refeição. Ou em seu vinculo com a personagem Erica, que culmina em uma cena devastadora emocionalmente, onde o personagem de Mark atualiza o facebook de seu amor platônico.

Andrew Garfield como Eduardo Saverin, se mostra igualmente competente interpretando o melhor amigo de Zuckerberg. Cria um retrato de amigo fiel durante toda a projeção, mostrando que seus interesses são apenas em pró do amigo e que só está passando por aquela situação por ter se sentido muito prejudicado com a ação de Zuckerberg, algo profundamente compreensível. Ao passo que Justin Timberlake nos presenteia com mais uma excelente atuação a retratar um personagem “aproveitador” e festeiro.

Por fim, Rede Social não é apenas um filme sobre a criação do Facebook ou a biografia de um bilionário, nada disso. Fincher conseguiu demonstrar sua genialidade mais uma vez, mostrando o lado mais frágil do ser humano: a cobiça, o poder e a solidão. Um diretor que consegue equilibrar esses três conceitos em um único filme merece toda a adulação que vem recebendo em cada obra que conduz. Por isso, Ave Fincher.

 
(5 estrelas em 5)

3 comentários:

Cristiano Contreiras disse...

Bom demais seu texto, ainda mais que destacou bem a essência e proposta do filme - contudo, não concordo muito contigo. É um bom filme, sim. É original, sim. E tem seus méritos interpretativo. Mas, não vejo o filme tãaaao excepcional assim, nem mesmo acho que seja obra-prima como tantos afirmam.

Abraço!

Andrey Lehnemann disse...

Bom, eu ainda não tenho tantos conhecimentos sobre os filmes, porém o filme se mostrou um filme espetacular, pelo menos para mim...

Henrique disse...

Bom, eu ainda não tenho tantos conhecimentos sobre os filmes, porém o filme se mostrou um filme espetacular, pelo menos para mim...