19 de janeiro de 2011

Zé Colméia (2011)


Zé Colméia é um dos personagens de desenhos mais interessantes e que já apareceu ou protagonizou diversas séries e especiais para a televisão. O personagem apareceu pela primeira vez como um dos principais personagens da Hanna-Barbera em “The Huckleberry Hound Show," antes de seguir adiante com sua própria série em 1961. O sucesso do programa foi tão gigantesco que em 3 anos o personagem já ganhava seu primeiro e divertido filme, “Hey There, It’s Yogi Bear”. Passaram-se 47 anos desde o primeiro longa-metragem do personagem e pouca coisa muda nessa nova versão – agora com atores reais e o personagem computadorizado. E numa reciclagem de piadas e momentos infantis, Zé Colméia enfrenta o fracasso.

Escrito por Jeffrey Ventimilia, Joshua Sternin e Brad Copeland (responsáveis pelos desastres ‘A Fada do Dente’ e Dr. Doolittle 2), a história gira em torno do personagem-título, Zé Colméia e seu amigo Catatau que poderão perder a única casa que eles conhecem, já que o parque Jellystone está perdendo visitantes e o prefeito Brown decide fechá-lo e vender suas terras. Frente ao maior desafio de sua vida, Zé Colméia terá que provar que ele realmente é “o mais esperto de todos os ursos” e com seu amigo Catatau, unir forças com o Guarda Chico para encontrar uma saída e salvar o parque de fechar para sempre.

Desde os minutos iniciais prezando por detalhes de desenhos antigos (a cesta de piquenique é um exemplo), o diretor Eric Brevig mostra-se um apreciador do personagem, mas ao mesmo tempo não tem a mínima idéia do que deve ser feito no longa.

O diretor aborda por muitas vezes as piadas que definem o personagem, como o seu prazer por roubar tortas e cestas de piquenique, mas ao mesmo tempo também mostra o mundo moderno com aparelhos sofisticados, entre outros. A indecisão do diretor pesa em toda a trama e consegue dar um tom desastroso ao pífio roteiro.

As piadas são dignas de desenhos dos anos 60 da companhia ACME, como o curta-metragem mostrado antes do filme e cenas feitas para mostrar personagens caricatos, sem sentido e estúpidos, ainda mais do que o urso personagem-título. Aliás, o roteiro é tão nonsense que até crianças sairão achando que são mais inteligentes do que as mostradas no projeto. O roteiro considera todos os espectadores burros e completamente estúpidos.

Em uma das cenas que mostra o Guarda Florestal gaguejando quando encontra uma mulher, o personagem ainda diz “não consigo falar com mulheres”. O que supõe, naturalmente, que todas as pessoas que estão olhando o longa-metragem são completamente imbecis e não entendem pequenos gestos.

Porém, não é apenas o roteiro e a direção que contribuem para o desastre, a montagem convencional e pouco inspirada de Kent Beyda ainda colabora ainda mais para fazer uma espécie de homenagem aos desenhos Hanna-Barbera da década de 60. O que consegue, mas é extremamente sem imaginação e o que dá pouco dinamismo para a história – que já não contava com nenhum.

Contando com personagens carismáticos, mas mostrando-os de forma extremamente clichê e sem graça, a dublagem até tenta dar um timing certeiro, mas as piadas prejudicam qualquer sentido. Tanto que quando os ursos aparecem em cena e sem diálogos trazem um maior carisma do que quando começam a entrar em um apelo dramático infantil e falho. Veja, por exemplo, a cena em que o Guarda Florestal conhece a jornalista e Zé Colméia passa no fundo da cena e tenta escalar o telhado para roubar uma lancheira. Leve, divertida e despretensiosa.

Aliás, as atuações acabam com qualquer chance que o filme tem. Temos o vilão que sempre aparece em cena querendo acabar com a natureza, dizendo que usa dinheiro público e poder. Andrew Daly é um desastre nesse papel, fazendo risadas diabólicas risíveis e um vilão que não tem sentido algum. Já Anna Faris, cria uma jornalista-documentária sem nenhuma inspiração e que só entra na história para ser um par romântico, conseguindo ser mais desastrosa que sua personagem na franquia ‘Todo Mundo em Pânico’. Mostrando cenas e gemidos ridículos, a atriz não consegue sair da sabotagem do roteiro e vai cachoeira a baixo junto com os outros personagens. Ao passo que Tom Cavanagh, TJ Miller e Nathan Corddry complementam a loucura.

Por fim, John Debney apenas salienta o fracasso em sua trilha sonora. Pegando composições já executadas milhões de vezes em centenas de filmes e caindo em total clichê. Cenas como o sonho de Zé colméia com a trilha de 2001, a trilha “diabólica” quando o vilão está prestes a aparecer ou a trilha romântica quando o casal sempre está em cena, acabam com qualquer vestígio de aceitável que tenha ficado na cabeça do espectador. Uma pena que o “urso mais inteligente de todos” tenha ganhado o “filme mais estúpido de todos”.

(1 estrela em 5)

2 comentários:

Flávia Hardt Schreiner disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Andarilho disse...

Se eu não gostava do desenho, agora é que nem vou perder tempo vendo mesmo.