27 de janeiro de 2012

Aventuras de Tintim, As



The Adventures of Tintin, EUA, 2011. Direção: Steven Spielberg. Roteiro: Steven Moffat, Edgar Wright e Joe Cornish, baseado nos quadrinhos de  Georges Prosper Remi, Hergé. Elenco: Jamie Bell, Andy Serkis, Daniel Craig, Nick Frost e Simon Pegg. Duração: 107 minutos.

Spielberg sempre foi um diretor que, além de criativo ao dar os tons para suas narrativas, conseguia unir o tom aventureiro e desafiador com o infantil ou nostálgico. Não à toa, foi o responsável por filmes belíssimos e, de certa forma, criativos como: Tubarão, Indiana Jones, E.T e Contatos Imediatos de Terceiro Grau. Na adaptação para as telas dos quadrinhos de Hergé, Spielberg não apenas volta a sua melhor forma ao proporcionar entretenimento e os tons de aventura que marcaram sua carreira, como também aproveita o gênero em que embarca para trazer algumas de suas seqüências mais criativas dos últimos anos.

Escrito por Steven Moffat (responsável por séries como Doctor Who e Sherlock), Edgar Wright (Chumbo Grosso) e Joe Cornish (Ataque ao Prédio), baseado nos quadrinhos do belga Georges Prosper Remi, a história acompanha o jornalista Tintim (Jamie Bell) que depois de se envolver na compra de um galeão antigo vê-se diante de uma busca a um tesouro há tempo esquecido. Para desvendar as pistas que o levarão ao tesouro, Tintim conta com a ajuda do Capitão Haddock (Andy Serkis) e do seu inseparável Milu.


Parecendo-se desde seu primeiro momento com os quadrinhos de Hergé e com a série animada de 1991, Spielberg já desde o início investe em desenvolver o clima jornalístico de seu personagem título ao colocar uma máquina de escrever dando o começo à história. Da mesma forma, a decisão de demonstrar uma máquina de escrever é certeira ao abordar o repórter como um jornalista de velha guarda – importando-se com o jornalismo de rua, investigativo – e ao trazer uma passagem por prensas de jornais para corroborar com o clima deixado pela introdução.

Igualmente certeira é a direção de arte ao estabelecer a casa de Tintin como um ambiente sério e de trabalho, investindo em recortes de jornais com aventuras protagonizadas pelo repórter no passado e decorar seu escritório com inúmeros livros, textos e com um globo terrestre, ressaltando as viagens que o personagem-título geralmente faz. O clima do desenho de 91 é tão notável que a própria seqüência inicial é admirável ao trazer os detetives Thomson e Thompson (Frost e Pegg impagáveis) bisbilhotando tudo ao redor por furos nos jornais. Deste modo, o clima infantil desenvolvido por Spielberg na narrativa, não é apenas competente, como também sensato ao abraçar a proposta do gênero em que está e do próprio personagem em que se baseia – como podemos observar na forma em que os detetives tentam pegar o ladrão e como não notam quando estão na casa do criminoso ou quando os dois se chocam e aparecem passarinhos por cima de suas cabeças.

Não apenas investindo no 3D com sabedoria e elegância, como mostram as cenas de profundidade de campo, Spielberg também volta a brincar com fusões na narrativa e traz algumas de suas melhores seqüências. Um exemplo é a cena de Haddock relembrando a batalha de Sir Francis contra Rackham – em algumas das melhores fusões do longa –  ou na perseguição de Tintin e Haddock, realizada num brilhante plano-seqüência, para resgatar um poema no vilarejo de Bagghar das mãos de Sakharin. Aproveitando-se da permissividade do gênero, Spielberg ainda traz um plano aéreo impressionante de Tintin na biblioteca e uma sombra o observando, além das recorrentes passagens entre vidros e do já citado uso da profundidade de campo – note, por exemplo, a cena em que Milu sai à procura do carro azul ou nos corredores do navio.

Investindo sabiamente em seus personagens, é notável a preocupação dada por Spielberg no desenvolvimento de seus animais. Milu acaba tornando-se um dos personagens mais interessantes da narrativa, sendo, na maioria das situações, o primeiro a suspeitar sobre tudo o que ocorre. A composição de Milu na trama é igualmente sensível ao cavalo de guerra também trazido por Spielberg esse ano. Já Tintin surge como um jornalista de velha guarda, desde o uso recorrente de uma lupa ou um binóculo até a forma como se veste – observe como ele denota um estilo clássico de calças compridas e roupas sociais e a todo instante se questiona sobre as pistas encontradas.  

E enquanto Craig se diverte desenvolvendo Sakharin quase como um professor Moriarty, surgindo sempre inteligente, ainda que acabe caindo nas armadilhas vilanescas comuns no gênero, Serkis traz mais uma composição notável no ano ao dar ao Capitão Haddock um olhar cansado e que se afunda na bebida para esquecer seu passado. Ainda que traga uma rouquidão e voz grave como reflexos da bebida em seu personagem, Serkis também surge comovente ao transformar Haddock em uma figura sensível, como quando vemos o personagem dizer “Preciso voltar pra casa, o mar”.

Pra finalizar, impressiona como um diretor que já nos proporcionou as mais variadas obras consiga continuar trazendo planos ímpares numa carreira que já é de uma singularidade marcante. E mesmo que talvez Tintin não tenha a mesma empatia de Indiana Jones, ainda assim, tem a mesma sensibilidade em seu desenvolvimento e o mesmo entretenimento que os primeiros filmes do arqueólogo já proporcionou.

Um comentário:

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