12 de julho de 2012

Para Roma, com Amor


To Rome with Love, Estados Unidos/Itália/Espanha, 2012. Direção: Woody Allen. Roteiro: Woody Allen. Elenco: Roberto Benigni, Judy Davis, Woody Allen, Jesse Eisenberg, Ellen Page, Alec Baldwin, Flavio Parenti, Alison Pill, Fabio Armiliato, Alessandro Tiberi, Alessandra Mastronardi, Penélope Cruz e Greta Gerwig. Duração: 102 minutos.
Existe uma ideia muito interessante que é explorada em “Para Roma, com Amor”, novo filme que faz parte do tour europeu de Woody Allen, que é a exposição na mídia e a cada vez mais comum superficialidade que nos move e comove no cotidiano. Assim, fica intrigante acompanharmos a história de Leopoldo que se vê diante de uma fama inesperada e que surgiu, aparentemente, do nada. É uma pena, portanto, que Allen só consiga nos empolgar com sua crítica pontualmente, soando repetitivo, exagerado e tedioso na maior parte do tempo.


Escrito e dirigido por Woody Allen, que também volta a atuar, a história gira em torno de quatro casais. Um deles é o casal americano Jerry (Woody Allen) e Phyllis (Judy Davis), que viaja para Roma para conhecer a família do noivo de sua filha. O outro segmento envolve o rotineiro Leopoldo (Roberto Benigni) que acorda famoso em determinado dia. Outro casal recém-casado perde o contato nas ruas de Roma. E, por último, também acompanhamos a história de Jack que tenta não se apaixonar pela amiga de sua noiva.


Explorando mais uma vez as belas paisagens da cidade que visita, Allen nos conduz pelas ruas da capital italiana como se fossemos realmente turistas passando um rápido período de férias. Todavia, infelizmente, o diretor passa então a acompanhar os dramas e as histórias dos casais desinteressantes que a cidade comporta. Afinal, qual seria o nosso interesse na história de Leopoldo, a não ser para ver até onde a crítica de Allen contra o conteúdo midiático iria? Ou na trama do jovem casal formado por Milly e Antonio, que parecem serem protagonistas de sketches aleatórias?


Woody Allen, inclusive, parece apenas subaproveitar piadas que usaria em um show de stand-up, como, por exemplo, quando chega a uma casa funerária ou quando responde de que forma o dinheiro pode ser satisfatório. Além disso, passa a insistir nas piadas que dão certo: algo que compromete seriamente o ritmo ao dar tanto destaque as cenas com o chuveiro ou na maneira como se tornam repetitivas suas críticas (como ocorre na trama de Benigni).


Como se não fosse o bastante, ainda, o diretor estica demais algumas cenas que poderiam funcionar perfeitamente sem o tom exagerado. Só notar, por exemplo, a cena em que Anna é reconhecida e vários homens surgem ao seu redor ou nas perguntas que são feitas para Leopoldo. Entretanto, como não poderia deixar de ser, algumas piadas de Allen acertam perfeitamente o timing. Não só as “tiradas” pertinentes (“odeio turbulência, sou ateu!” ou “Eu era comunista até descobrir que não poderia dividir nem um banheiro”), mas em algumas sketches, como aquela em que o assaltante acaba “salvando” um caso extraconjugal.


E se o elenco não compromete o papel à que foi conduzido, os destaques ficam por conta de Baldwin, que é sempre interessante quando surge como a “voz da razão”, Benigni, que se mostra o personagem mais complexo do elenco, e o próprio Allen – aliás, note o olhar de Jerry quando começa a ouvir as tendências de esquerda de Michelangelo.


Não sabendo o momento de terminar, Allen decepciona ao se arrastar demais e perder o potencial de sua crítica aos meios televisivos, entregando-se ao convencional e ao excesso sem dó algum. E se situações como “o que ele comeu no café da manhã” surgem risíveis em um primeiro momento, logo se perde o interesse ao ver sua repetição em demasia. Mesmo assim, quando vemos o diretor afirmar em determinado momento que ainda não deixou sua marca, somos obrigados a discordar: afinal, são várias marcas deixadas ao decorrer de sua filmografia e de seu tour europeu, “Para Roma, com Amor” só não é uma delas.

2 comentários:

Márcio Sallem disse...

Gosto de ler opiniões contrárias e bem dissertadas. Certo é que, em alguns momentos, a crítica de Allen é repetitiva, pisa na mesma tecla (e a história de Leopoldo é a grande prova disso).

Mas, como não se impressionar como a maneira com que ele enxerga os famosos, como o ator careca e gorducho (que é sex symbol) ou Ellen Page que seduz mesmo sendo uma franguinha mirrada? E, além disso, por mais superficial que pareça alguns dos apontamentos, todos são pertinentes e hodiernos.

Acho, na verdade, o maior problema a montagem da antologia, mas, é um divertido e superior Allen.

Película Criativa disse...

O filme tem o charme de Woody Allen, mas não consegue superar o excelente Meia-noite em Paris.

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