9 de janeiro de 2013

Jack Reacher - O Último Tiro

Jack Reacher, EUA, 2012. Direção: Christopher McQuarrie. Roteiro: Christopher McQuarrie, baseado no livro de Lee Child. Elenco: Tom Cruise, Rosamund Pike, Richard Jenkins, Werner Herzog, Robert Duvall, David Oyelowo, Jai Courtney e Joseph Sikora. Duração: 130 min.

Jack Reacher é como qualquer outro filme de ação do gênero: um ex-militar inteligentíssimo e que em determinado momento terá que inocentar seu próprio nome, extremamente habilidoso com armas e em combate físico, além de ser envolvido em uma complexa conspiração. Contudo, é uma pena que o filme acabe empalidecendo diante do próprio gênero que segue a cartilha, não se adaptando a nenhuma vertente – já que não investe nem na violência frenética, no entretenimento despretensioso ou numa trama mais ousada – e criando um filme/personagem sem substância ou qualquer novidade.

E isso não seria possível sem o esforço do medíocre Christopher McQuarrie, responsável pelos roteiros de filmes como O Turista e Operação Valquíria, pois a principal falha de Jack Reacher reside justamente em seu roteiro. Guiando-se, principalmente no primeiro ato, por diálogos rápidos e burocráticos (“Você só vai achá-lo se ele quiser ser achado”), assim como exibe uma adoração por estereótipos, o diretor/roteirista não consegue dar nenhum tipo de aprofundamento nem em seu principal personagem. Assim, fica complicadíssimo mostrarmos entendimento sobre o quanto aquela figura pode ser temida ou o quão imbatível ela seria. Além do mais, McQuarrie decide realizar o mesmo com o restante de seus personagens, chegando a elaborar uma risível cena em que o vilão evidencia sua “monstruosidade” sugerindo que outra pessoa coma seus próprios dedos.

Por outro lado, o diretor consegue fornecer muito mais sabedoria (ainda que precária) na condução de suas sequências – note, por exemplo, a tensão que a primeira cena exala ao abordar a situação em primeira pessoa, observando as vítimas do ponto de vista do atirador; um fator determinante para outra cena, em seguida, ecoar ainda mais surpreendente: a percepção das vítimas analisada, quando a defensora procura o lado humano. Do mesmo modo, a “vítima” virando o ameaçador em outra ocasião também se mostra bastante contundente com o tipo de abordagem que era necessitada.

Tom Cruise, aliás, encontra a maior virtude e o maior problema de seu personagem em si mesmo: seu carisma. Porque, obviamente, não é preciso de muita energia para achar o protagonista alguém simpático, porém, ao mesmo tempo, também não soa natural o anti-heroísmo de Reacher. E se Herzog é limitado pelo que o roteiro faz com o antagonista, Duvall transmite a segurança de um timing invejável em todas as suas cenas (“Correr sempre parece funcionar!”).

No fim, Jack Reacher é somente mais um filme de ação que é divertido em momentos e sabotado em outros por seus covardes roteiristas. Apesar de alcançar um controle muito melhor do que tem em mãos a partir da metade do segundo ato, McQuarrie acaba nunca encontrando a solidez que ambiciona. E se as passagens pela cicatriz de Reacher deveriam fornecer uma sensação ansiosa que clamaria por mais filmes, assinala apenas para uma apreensão do que está por vir.
                                             
                                    

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