21 de março de 2013

Bullying

Bully, EUA, 2011. Direção: Lee Hirsch. Roteiro: Lee Hirsch e Cynthia Lowen. Com: Alex, Ja’Maya, Kelby, David Long, Tina Long, Kirk Smalley. Duração: 98 min.

Eu não conheço ninguém no meu círculo social que em algum momento não tenha sido vítima de algum tipo de ação preconceituosa ou agressão moral no nefasto período escolar. Colegas que importunavam qualquer tipo de opção considerada diferente ou divisões por beleza e classes sociais; muitos responderão, caso perguntados, que o período escolar foi um dos mais cruéis. Ao menos, pelo que denuncia inúmeros filmes e comprovações trágicas cada vez mais constantes, nos EUA isso é predominante. É revoltante, por consequência, que nenhuma autoridade (seja na dimensão que for) tome algum tipo de reação, perceba que não são episódios isolados ou tristes acidentes e torne-se empática com a vítima antes que ela tenha o mesmo destino de crianças como Tyler e tantos outros.

Escrito e dirigido por Lee Hirsch, com a colaboração de Cynthia Lowen no roteiro, Bullying é um documentário que se guia justamente a partir deste princípio: alguém evidenciar o que está acontecendo na sociedade americana (e mundial) quanto ao ódio pelo “diferente” desde os primórdios e tentar algum tipo de ação (neste caso, uma comoção pelo meio cinematográfico) para que essas torturas psicológicas cheguem ao fim.

Portanto, demonstrando o pequeno Tyler por meio de gravações e imagens espontâneas e encantadoras, Hirsch já atinge o seu espectador de imediato, pois somos informados logo depois que, de forma lastimável, a vida do garoto foi interrompida. Não se prendendo somente a um caso, o diretor também explora diferentes níveis sociais e familiares para ressaltar como isso já está intrínseco na sociedade de forma alarmante e é conduzido de forma natural pelos envolvidos. Aparentemente, na perspectiva do corpo docente de uma escola, um aluno ser agredido e ameaçado de morte por outro rapaz é resolvido por um simples aperto de mão. Para não apontar, obviamente, a maneira como uma vice-diretora responde ao mesmo garoto, depois dele ter acionado a polícia, afirmando que ambos (a vítima e o agressor) poderiam ser ótimos amigos.

Assim, torna-se praticamente impossível não compreender as ações de uma garota que leva a arma de sua mãe para a escola a fim de se defender de seus coleguinhas, uma vez que, mesmo sendo um revide desproporcional, foi a única forma da menina se impor perante as agressões. Igualmente, quando um jovem pergunta para a mãe quem são os seus amigos se aqueles que batem nele não os são, surge preocupante e de cortar o coração.

Porque, infelizmente, para aqueles garotos o bullying é a única maneira de se posicionar de alguma forma em determinado grupo e o único sinônimo de realidade que possuem conhecimento: seja vítima ou agressor, você está no sistema. É assustador que isso tenha evoluído em pouquíssimo tempo, destacando-se de uma forma que precisa imediatamente ser combatida. Antes que seja tarde demais. A mensagem de Bullying é clara: não podemos deixar que uma criança seja como aquela vista no primeiro ato – sentada no banco de um ônibus escolar extremamente solitária e que acaba sendo ofuscada em meio à multidão. É hora de tomar uma atitude.

                                

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