1 de julho de 2013

Os Amantes Passageiros

Los amantes pasajeros, Espanha, 2013. Direção: Pedro Almodóvar. Roteiro: Pedro Almodóvar. Elenco: Antonio de la Torre, Hugo Silva, Miguel Ángel Silvestre, Laya Martí, Javier Cámara, Carlos Areces, Raul Arévalo, José María Yazpik, Guillermo Toledo, José Luis Torrijo, Lola Dueñas, Cecilia Roth, Paz Vega, Blanca Suárez, Penelope Cruz e Antonio Banderas. Duração: 90 min.
Após uma bem sucedida estreia no gênero de terror com seu ótimo A Pele que Habito, chega a ser penoso ver Almodóvar tentar retomar sua zona de conforto com uma comédia escrachada e sem nenhum apelo emocional. Feito como um produto “a toque de caixa”, Os Amantes Passageiros é um longa-metragem insosso, imaturo e sem qualquer inspiração, que parece ser produzido apenas para pagar dívidas provenientes de algum mau negócio que seu diretor realizou no último ano.
Escrito pelo próprio Almodóvar, a história se passa dentro de um avião que está andando em círculos por conta de uma falha mecânica. Nesta perspectiva, acompanhamos um grupo de personagens que tenta descobrir o que está acontecendo e acredita estar perto da morte, assim como os relacionamentos tumultuados entre os comissários de bordo e pilotos.
Confuso até quanto ao cenário da narrativa, o diretor também nunca decide se focará no drama de seus passageiros ou nos estereótipos ou até mesmo em vidas interligadas – assim sendo, o terceiro ato acaba como uma soma bagunçada de todos esses fatores: há as ligações confessionais que são ouvidas por todos os passageiros, um absurdo e estúpido número musical, além – é claro! – de mudanças de vida por conta de uma viagem turbulenta. Almodóvar nem esconde o roteiro preguiçoso ao colocar todos os passageiros da classe econômica dormindo para não gastar muito mais tempo do que deveria ou “prejudicar” a “ligação” de seus três atos.
Além disso, ele parece perdido em como guiar o seu nonsense. Embora seja eficiente no tolíssimo número musical, encontra dificuldades em enquadramentos simples ou que sugira algo da trama – desta maneira, aposta em closes deslocados que tentam criar gags visuais espertinhas e infantis (note a simulação no começo da viagem) e planos inclinados que não têm motivo aparente. Ao mesmo tempo em que, crente que sua “história” não é suficiente para 90 minutos, retoma a ação para a vida pessoal de alguns de seus personagens, como é o caso do ator e seu relacionamento com Ruth, que é culminado em uma das piores sequências da filmografia de Almodóvar.  
Criando um clímax que consegue ser mais intragável do que o relacionamento do copiloto com um comissário de bordo e do que as piadinhas politicamente incorretas presentes a todo o momento, Os Amantes Passageiros assusta pela seriedade com que os envolvidos tentam se expressar, como se tudo aquilo fosse bastante original. O resultado assustador acaba transformando uma obra simplória e tola em algo ofensivo e indefensável.
                                  

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