25 de outubro de 2013

Dragon Ball Z: A Batalha dos Deuses

Doragon Bõru Zetto: Kami to Kami, Japão, 2013. Direção: Masahiro Hosoda. Roteiro: Yûsuke Watanabe, baseado no manga de Akira Toriyama. Dublagem brasileira: Wendel Bezerra, Alfredo Rollo, Vagner Fagundes, Luiz Antônio Lobue, Fábio Lucindo, Márcio Araujo, Alexandre Marconatto, Vinny Takahashi, Fátima Noya, Rita Almeida, Angélica Santos, Gileno Santoro, Tânia Gaidarji, Raquel Marinho, Eleonora Prado, Guilherme Lopes, Wellington Lima, Melissa Garcia, Rodrigo Andreatto, Élcio Sodré, Jonas Mello, Marcelo Pissardini. Duração: 85 min.

Ainda que tenha acabado há muitos anos, Dragon Ball carrega uma legião de fãs espalhada pelos quatro cantos. E é guiando-se nessa linha nostálgica, sendo fiel ao cultuado desenho e capturando a sua aura clássica, além de se permitir a utilizar diversos flashbacks do desenho clássico, que o diretor Hosoda acaba encontrando os principais acertos e erros de uma narrativa apaixonada por aquele mundo – quer gostemos dele ou não.

Escrito por Yûsuke Watanabe, baseado na história pensada por Akira Toriyama (que também produz), o filme acompanha o despertar de um deus destruidor de mundos que se encaminha para a Terra quando descobre que seu antigo aliado, Freeza, foi derrotado por um Super Sayajin chamado Son Goku. A princípio, Bills, a tal divindade, quer apenas conhecer o homem que deu fim à vida do poderoso Freeza, mas logo fica interessado na possibilidade do surgimento de um deus Super Sayajin.

Introduzindo flashbacks naturais que colaboram para situar o espectador dentro da estrutura, Hosoda – sabendo que enfrentará as diversas limitações da atmosfera mais clássica – procura extrair graça de suas principais batalhas no decorrer da narrativa e, assim, tirar qualquer tipo de pretensão de uma trama em que um alienígena pode simplesmente se transformar em uma divindade por alguns minutos. A maneira como Bills é abordado, por exemplo, é quase tragicômica, pois estamos diante de uma figura intocável e indestrutível que apenas quer uma boa batalha. A sua irritação aparentemente descontrolada é de um guerreiro que não encontra mais razão para nada. Ainda que o roteiro de Watanabe encontre dificuldades em revelar esses aspectos, nunca economizando nos estereótipos e sendo explicativo demais durante todo o percurso (“Você está sendo sarcástico, certo?”), os planos em que vemos o tal deus são sempre divertidos por salientar o clima totalmente nonsense de tudo aquilo – basta observar o sinal de aprovação de Bills ao ser indagado de sua origem.

O diretor, além disso, utiliza-se de uma festa para estabelecer os seus heróis e aposta em gags visuais e sonoras, como o suor excessivo e a chegada de algum personagem sendo pontuada para evidenciar o clima infantil da trama. Boo era um vilão que transformava os seus inimigos em biscoitos para comê-los. Existe essa ingenuidade intrínseca à trama: a humilde empolgação pela luta, as crianças ganhando palmadas quando tentam lutar, o pensamento em off, entre outros. Por outro lado, nesta mesma procura pelo tom juvenil, Hosoda acaba pecando nos maiores erros do desenho antigo: os passos cautelosos, respirações pesadas, as risadas e murmúrios desconcertantes, a demora da ação, as desengonçadas lutas no ar, os cortes imprecisos, sem timing, planos sem função aparente e assim por diante. Falta tensão nas sequências amenizadas pelos cortes secos e a batalha entre Bills e Goku nos céus é indecifrável. Da mesma forma, a insistência em planos detalhes e closes, além de seus planos centrais e de aproximações, num trabalho extremamente burocrático, acentua esse incômodo.

Todavia, a despretensão de uma trama que investe no nonsense ofusca boa parte dos erros mais óbvios. A briga de Boo com Bills por um pudim, o fato de Goku conseguir se tornar um deus e a destruição iminente da Terra porque alguém a achou tediosa acabam soando eficientemente complementares à bobagem divertidíssima de Hosoda. E sou capaz de apostar que os fãs do desenho não esperavam menos.

                                 

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