1 de novembro de 2013

É o Fim

This Is the End, EUA, 2013. Direção: Evan Goldberg e Seth Rogen. Roteiro: Seth Rogen e Evan Goldberg, baseado no curta-metragem Jay e Seth Vs. O Apocalipse de Jason Stone. Elenco: Seth Rogen, Jay Baruchel, Jonah Hill, James Franco, Danny McBride, Craig Robinson, Emma Watson, Michael Cera, Mindy Kaling, David Krumholtz, Christopher Mintz-Plasse, Rihanna, Martin Starr, Paul Rudd, Kevin Hart Aziz Ansari, Jason Segel e Channing Tatum. Duração: 107 min.

Não há como não se render a ideia de É o Fim: como um bando de celebridades descompromissadas com suas respectivas vidas, durante uma festa popular, encaram o fim do mundo. Não há noticiários, água, luz, vandalismos nas regiões urbanas ou qualquer tipo de coisa que retire o foco de um grupo de jovens presos na residência de James Franco. E é sob esta ótica que somos agraciados com alguns dos melhores momentos da comédia em 2013, mas que também somos limitados às reações de apenas seis pessoas em um ambiente fechado e distante da ameaça real.

Escrito por Seth Rogen e Evan Goldberg, que também dirigem, a história se concentra no ponto de vista dos dois sobre o apocalipse. Em um dia aparentemente normal, as pessoas começam a serem arrebatadas para os céus para escapar do juízo final, enquanto as que ficam no planeta passam a ter que fugir do diabo e encontrar uma maneira de também serem arrebatados.

Oferecendo uma visão própria do apocalipse, Rogen inicia o longa-metragem com brincadeiras típicas de sua filmografia: gags com maconhas (“Olá, pequenos Hobbits. Acendam a minha erva”), o ambiente sarcástico que os personagens estão inseridos e, obviamente, os diálogos envolvendo sexualidade. Todavia, mais tarde, intervém na forma convencional como explora os clichês e é hábil na representação de inferno e paraíso – os da cidade vão para cima, as estrelas para baixo. É a visão mundana e irreverente de Rogen que conquista os maiores acertos da narrativa. Até mesmo no momento do fim do mundo, por exemplo, o filme exibe timing nas reações: “Jesus! Jesus! Oh, meu Deus!”. Da mesma forma, os estereótipos são avaliados de forma eficientemente radical – neste caso, observe a sequência que Craig Robinson e Emma Watson começam a indagar Jay sobre um suposto hipsterismo e se ele gosta de Forrest Gump. Jay Baruchel, aliás, que por ser um dos mais desconhecidos do elenco serve como ponte entre o espectador e aquele mundo das celebridades, ao menos no primeiro ato. Ao mesmo tempo, Goldberg e Rogen conseguem uma maneira de utilizar o sex appeal de Michael Cera de maneira singular – oferecendo alguns dos melhores momentos do roteiro. Não poderia deixar passar em branco a própria autocrítica que é avaliada de forma tragicômica em determinado instante: a aprovação dos atores e o minuto de atenção ao olhar a TV de Franco subindo do chão.

Por outro lado, o exagero que passa a ser fator comum a partir do final do segundo ato abala quase toda a estrutura construída até então. Falta timing ao exorcismo de Jonah, por exemplo; Rogen acredita ser muito engraçado um personagem beber urina; carecemos de um protagonista, quando é decidido que a história de Jay acabaria quando surgisse a invasão; e o que funcionava antes no confessionário (“Hermione roubou nossas coisas!) se perde completamente. Além do mais, as sequências envolvendo músicas e drogas são sempre desconcertantes – tanto Gangnam Style depois de alguém tomar um copo de ecstasy ou uma dança ao som dos Backstreet Boys, que, vamos ser sinceros, eram relevantes só na década de 90.

Mas, no final das contas, É o Fim atrai o espectador por mostrar um bando de “garotos” se divertindo. Tanto na personificação de Woody Harrelson, a comemoração de uma invasão zumbi, as brincadeiras quanto ao Segurando as Pontas e a hilária prece de Jonah Hill são reflexos dessa visão zombeteira. E há de se render à coesão da história, quando vemos o paraíso perfeito dos diretores com maconha, festas e montanha-russa.

                                  

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