21 de maio de 2014

O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro

The Amazing Spider-Man 2, EUA, 2014. Direção: Marc Webb. Roteiro: Alex Kurtzman, Roberto Orci e Jeff Pinkner, baseado nos quadrinhos de Stan Lee e Steve Ditko. Elenco: Andrew Garfield, Emma Stone, Jamie Foxx, Dane DeHaan, Colm Feore, Felicity Jones, Paul Giamatti, Sally Field, Embeth Davidtz, Campbell Scott. Duração: 142 min.

Basicamente, o problema de O Espetacular Homem Aranha residia no desconforto de Marc Webb com as suas sequências de ação. Desta forma, explorando muito mais o relacionamento de Peter e Gwen, numa espécie de “teenager-hero-movie”, o diretor focalizava sua força numa estrutura dramática em que interessava muito mais o romance dos dois que o contexto heroico do personagem. Porém, quem é o público do super-herói e o que ele procura? Esta é exatamente a pergunta que Webb acredita ter desvendado nessa sequência.

Porque é expondo uma veia muito mais cômica e madura, na forma com que explora todas as lacunas deixadas pelo filme anterior, que o longa-metragem ganha sua força: aliando a vida pessoal de Peter com suas responsabilidades sociais, a narrativa introduz muito mais um estudo de personagem que, novamente, um filme de super-herói. Assim, Webb adiciona o paralelo solitário entre as responsabilidades como Peter Parker – rasas, pouquíssimas e nada profundas – com sua popularidade como Homem-Aranha.

E é exatamente sob esta ótica que Andrew Garfield parece crescer como ator, pois emprega a arma que muitas pessoas com depressão utilizam em instantes de relacionamentos interpessoais: o humor. Não à toa, é fácil não encontrar razão para diagnosticar alguém que parece estar sempre se divertindo como depressivo, ainda que a insegurança e timidez nos momentos cruciais comprometam esse sentimento. Garfield é eficiente em apontar que a máscara de Homem-Aranha não serve apenas como esperança popular, mas esperança própria. Como todo rapaz novo, aliás, troca as cicatrizes prematuras do personagem de Raimi, nos filmes com Tobey Maguire (cujo talento para isto freava qualquer intenção do diretor), para algo mais crível para sua idade: o destempero com que trata a vida do crime, com uma curiosidade aguçada, além de ser engraçado e descolado, algo que acaba deixando um pouco para Peter também – que é o que mais necessita desta camada pessoal.

Repetindo sua personagem, com o interesse pela personalidade incomum de Peter Parker (sempre nos lembrando de que se apaixonou pelo garoto, não pelo herói), Emma Stone desenvolve Gwen Stacy com uma personalidade ainda mais forte que a do filme anterior, colocando sua vida pessoal antes de qualquer outra coisa. Ao mesmo tempo, a química entre os dois atores funciona outra vez, fazendo com que permitimos entender a decisão final de ambos e tornar a sequência final muito mais dolorosa.

Além do mais, o filme possui muito mais apego as histórias originais dos quadrinhos, caindo muitas vezes de propósito no caricatural, como todas as sequências envolvendo o personagem de Paul Giamatti ou a primeira luta entre Homem Aranha e Electro (a mangueira é impagável). Por outro lado, a atmosfera caricatural do longa-metragem faz com que seja um pouco dúbio o processo: vezes parecendo se encaixar muitíssimo bem, outras nem tanto (o uso do vilão de Osborn, por exemplo). O desconforto de Webb com as sequências de ação, igualmente, retornam quando o clímax precisa ser desenvolvido – somente encontrando a substância necessária com Gwen e Peter.

Mais interessante que o seu primeiro filme, ainda que menos atrevido, O Espetacular Homem Aranha é mais um filme raso tendo um personagem da Marvel como destaque, mas divertido.


Nenhum comentário: