5 de fevereiro de 2015

A Mulher de Preto 2: Anjo da Morte


The Woman in Black 2: Angel of Death, Inglaterra/Canadá, 2014. Direção: Tom Harper. Roteiro: Jon Croker. Elenco: Phoebe Fox, Jeremy Irvine, Helen McCrory, Oaklee Pendergast. Duração: 98 min.
Na nova reestruturação da Hammer, é bastante visível o apego pelo tom mais "sugestional" do horror ao invés do clássico gore obscuro que a consagrou. A Mulher de Preto 2 é o exemplo mais claro para se usar a favor da sentença: enquanto as paisagens ao redor do grande casarão usado como esconderijo parecem sem imaginação, o tom natural que o longa-metragem ganha desde o princípio é muito mais um drama inquieto do que uma obra de gênero taxativa. O drama do menino Eddie e a professora Eve, de sorriso dissimulado, passa por muito mais do que sustos gratuitos a fim de surpreender o espectador; trata-se da natureza sintomática das ações que os próprios personagens tomam ao decorrer do filme.
Basta analisar, por exemplo, a finalidade de susto que há num clássico instante: o pneu fura na estrada e os personagens se deparam com algum lunático que divaga sobre o fim. A premeditação do susto é óbvia, mas, o encaixe, não: ali, quem teme pela vida e se assusta é a própria personagem. Servimos exatamente como espectadores. Esse talvez seja o aspecto mais intrigante de A Mulher de Preto 2: nos inserir como coadjuvantes. Mas, infelizmente, a noção curiosa de desenvolvimento se perde durante a história.
Não obtendo comando pelas situações vividas ao meio de uma grande guerra, por exemplo, a única dose mais intensa que o diretor procura estabelecer são os personagens em túneis se escondendo da guerra ou uma base militar fictícia, que é extremamente duvidosa. O design de produção, aliás, é tão pobre que é impossível decodificar cada zona: se o máximo que é conseguido é jogar os personagens numa mansão afastada, sem controle, é engraçado que o destaque fique com a fachada sem inspiração - uma árvore negra torta é uma indicação óbvia. Ainda mais quando o resto da paisagem, ao redor do casarão, inclusive não sofre do mesmo problema. Os corredores da casa, da mesma forma, não fazem sentido. E, muito menos, a locomoção constante do militar da base para a mansão é verossímil, já que o deslocamento parece praticamente nulo e a base fictícia é um número pequeno de sucatas de aviões.
Toda a estrutura acaba parecendo frágil, assim sendo. As atuações também sofrem na mesma medida, com a falta de empatia pela situação e pelos personagens. Por mais que o diretor consiga extrair sustos interessantes, como a passagem da personagem olhando debaixo da cama ou o uso eficiente de gritos (a terceira passagem de uma enfermeira pela protagonista é admirável), o sofrimento é pouco visualizado. Seus personagens parecem condicionados somente a passar por aquilo e continuar. Mas não de uma maneira que uma guerra poderia acarretar. Por pura displicência, simplesmente. Como indica a falta de apego do roteiro com cada morte.
De qualquer forma, A Mulher de Preto 2 tem a marca registrada da repaginação da nova Hammer, que ainda tenta encontrar seu espaço no mercado atual, mudando seu pensamento corporativista. Mas, quem sabe, o necessário não seja voltar à velha essência?!
 

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