3 de agosto de 2015

A Forca

The Gallows, EUA, 2015. Direção: Travis Cluff e Chris Lofing. Roteiro: Travis Cluff e Chris Lofing. Elenco: Reese Mishler, Pfeifer Brown, Ryan Shoos e Cassidy Gifford. Duração: 81 min.

Ao falar de A Forca, o crítico Márcio Sallem, do Em Cartaz, levantou uma questão que interessa o espectador, discorrendo acerca dos subgêneros que o filme se encaixa. Mockumentary ou Found Footage? Slasher? A princípio, a teoria do maranhense é a de que por envolver um assassino serial de jovens estúpidos que mata aleatoriamente e num ambiente que capta sua angústia (como Elm Street, no caso de Freddy; Crystal Lake, no de Jason; a pacata  Woodsboro, em Pânico), a peça teatral, os assassinatos dos alunos do famoso colégio que marcou o acidente de Charlie estariam implícitos numa conhecida estrutura. Mas a teoria do slasher não se adapta ao sobrenatural, em sua totalidade, como algumas cenas demarcam. Você pode ter um monstro que lhe ataca nos sonhos ou imortal ou invencível, mas eles não usarão adventos sobrenaturais para matar as pessoas que querem; sim, contarão com a estupidez para levá-las até o lugar em que eles necessitam que elas estejam. E, com esta filosofia, algumas cenas desvinculam o filme do subgênero: a chegada dos policiais na residência de uma garota (que, ironicamente, é a melhor do filme), a falta da final girl e, claro, as mortes.

Isto, infelizmente, é o único debate que um filme como A Forca poderá suscitar, já que, embora provenha de uma jogada de marketing incrível, a estrutura do found footage careça de boas ideias. Elas existem, mas são poucas. Nesta perspectiva, por mais embaraçoso que seja o roteiro de Travis Cluff e Chris Lofing, quando ambos conseguem usar o susto ao seu favor e não apenas como um artifício gratuito de roteiro, o filme consegue sair do chão. Se o momento genuinamente assustador é a sugestiva cena final, não dá para deixar de aplaudir as quebras de expectativas em cenas como a da estática da televisão num quarto do teatro. É uma pena, portanto, que os diretores insistam na teoria de que o horror provém do número de sustos: assim, a cena em que um jovem deixa sua câmera filmando apenas para assustar o espectador é vergonhosamente explícita.

Igualmente, a montagem concebida não consegue se encaixar perfeitamente no subgênero do found footage, o qual supostamente estaria inserido. E basta observar o tom linear, a troca simultânea de câmeras e a linguagem que tenta traduzir esse curto espaço de tempo entre as ações. Nada seria produzido; frutos da ação. Os dizeres "fitas encontradas" não se encaixariam em perspectiva alguma: policial ou não. Da mesma forma, é hilário aceitar as decisões da trupe que invade o colégio ou que depois de passar anos e mais anos por uma foto fúnebre, só agora, um garoto perceba a presença do pai. Sem deixar de citar os maravilhosos momentos de convivência com Ryan, que julgo ser um dos protagonistas mais abomináveis que o subgênero já tenha presenciado: machista, homofóbico, manipulador, estúpido, controlador e praticante de crimes de ódio, ou seja, uma figura perfeita para criarmos empatia. Não!?

Contrariando aspectos mais básicos de estrutura (como a mulher que só senta num lugar do teatro, mas bate palmas noutro lugar, pois era preciso valorizar a sua presença), o máximo que A Forca consegue expor é o quão importa um mínimo de desenvolvimento humano para superar qualquer desgaste. Ainda provando que os mais pontuais sustos não equivalem ao puro terror. 

Nenhum comentário: