18 de agosto de 2015

Obra

Idem, Brasil, 2014. Direção: Gregório Graziosi. Roteiro: Gregório Graziosi e Paolo Gregori. Elenco: Irandhir Santos, Júlio Andrade, Lola Peploe. Duração: 80 minutos. 

Concentrando todas as suas atenções num homem atormentado pelos pecados do avô, Obra é um longa-metragem instável que simula uma sensibilidade apenas pelo comprometimento físico e narrativo do talentosíssimo Irandhir Santos. Ofuscando uma dramaturgia pobre, onde os personagens se acusam como se estivessem numa novela das 9 (“como você dorme durante a noite?”), o filme de Graziosi apenas se sustenta na luta de João Carlos quanto ao seu corpo e consciência. E é interessantíssimo como os dois se interligam aos poucos na trama, como indica o começo da manhã do protagonista em três oportunidades: a primeira, após uma transa com duas mulheres; a segunda, acordando para um alongamento em casa, com o corpo já dolorido; a terceira, a demora angustiante ao colocar a roupa para o trabalho.


O paralelo entre vida profissional e pessoal, assim sendo, é suficientemente competente pelo drama vivido por um inspirado Irandhir Santos, noutra grande atuação. Avalie, igualmente, que podemos notar grandes problemas na família sem precisar adivinhar: o casal falando outra língua um com o outro ou a falta de respostas. Da mesma forma, o arquiteto fala em legado às vésperas do nascimento do filho como se levasse o mundo nas costas, uma simbologia bacana, mas que escorrega no ritmo proposto.

É um filme superficial, afinal, onde os prédios se sobrepondo a figura humana carrega um reflexo para a linha narrativa.



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